O Brasil pagou a dívida externa?


Meus alunos sempre me perguntam:
"O Brasil não pagou a dívida externa?"

Não, não pagou, ainda deve bastante, a dívida externa total supera os
US$ 200 bilhões (aproximadamente 12% do PIB), mais do que o dobro da
dívida na década de 80.

"Eu vi na televisão que o Brasil pagou a dívida externa, está até
emprestando dinheiro para o FMI"

O Brasil possui um saldo de reservas internacionais, uma espécie de
poupança, maior que a dívida externa (hoje está em aproximadamente US$ 260 bilhões).

"Se ele tem dinheiro para pagar por que não paga?"

Principalmente por dois motivos: primeiro que as reservas servem de
defesa para o Real, o Banco Central utiliza as reservas para executar
a política cambial brasileira, serve de escudo contra ataques
especulativos, e segundo por que a dívida externa custa pouco em
relação a dívida interna, os juros são menores e o Real tende a se
apreciar diante do dólar, tornando os juros ainda mais baixos.

Outra razão para o governo não pagar a dívida externa é que ele só
detém 35% dessa dívida (setor público não financeiro), o resto é de
bancos e empresas privadas, apesar de afetar a economia brasileira,
essa dívida não é pública.

"E a dívida interna?"

Essa é bem grandinha, faz anos que só cresce, uma vez que o governo
nunca consegue arrecadar mais do que gasta (superávit nominal),
atualmente corresponde a aproximadamente 45% do PIB, algo em torno de
R$ 1.500.000.000,00!

Comentários

Marcio disse…
Parabéns pelo texto Antônio, ja te adicionei no meu Reader. Escrevi sobre o tema também em meu blog:

http://alemdozeitgeist.blogspot.com/2010/10/lorota-de-devedor.html

http://alemdozeitgeist.blogspot.com/2010/10/ainda-nadando-em-dividas.html
Anônimo disse…
Prof. Antonio, então por que é que o Presidente da República disse que pagou a dívida e ninguém contesta? Qual a diferença entre a dívida com o FMI e a dívida externa? grato pela atenção ao meu post, seu amigo
prof. Zeca
Antonio Amorim disse…
Olá Prof. Zeca, Em 2002 o Brasil pegou um empréstimo de aproximadamente US$ 42 bilhões com o FMI, e acabou adiantando o seu pagamento, pagando a parcela de US$ 16 bi que venceria em 2007 e 2006. A dívida com o FMI, pelo que você leu no post é insignificante diante da dívida total adquirida através da emissão de títulos públicos.
Thalis Garcia disse…
Parabéns pela descrição, foi muito bem colocada. Geralmente fatos como estes são expressados meramente para iludir aos que vêem.
Pergunta: se o Brasil tem uma divida interna tão grande quanto a citada de empresas privadas, como explicar o aumento do PIB nascional?
Margarida disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
Caro Prof.,

qual teria sido, na sua opinião, a justificativa para o pagamento antecipado do empréstimo junto ao FMI? A cotação do dólar? Impacto político?

O Sr. concordou com esta ação?

Aguardo sua resposta.
Antonio Amorim disse…
Acho que um pouquinho de cada: Impacto na imagem do Brasil, Política e Real Valorizado. Obrigado por postar no meu blog.
Socorro Carvalho disse…
Parabéns pela explanação. Há bastante tempo queria um informação relevante à respeito.
Algumas pessoas afirmam categoricamente que a dívida foi paga. Que o Brasil deixou de ser devedor para ser credor.
Abração!
Anônimo disse…
Gostei da resposta,só que achei que faltou explicar mais a dívida.Em 80,a dívida estava torno de 150 bi de dólares,com o FHC subiu pra 250 bi (aprox),ou seja,é o valor que deve estar atualmente.Só pra saber quem é o pai da "criança".
Douglas Espindola disse…
É preciso analisar não só o tamanho da dívida, mas a proporção disso em relação ao PIB. Uma dívida de 300 bi não é nada comparada a um PIB de 3 tri. Além disso, muitos crucificam o FHC (também não estou defendendo) pelo aumento da dívida externa. No entanto, não vêem que ele (e a cúpula da PUC-Rio) arrumou o terreno através do plano real. É muito fácil crescer pisando em terra firme como fez o Lula. Se formos falar em "pai da criança" temos de analisar os quase 15 anos de incompetência administrativa dos governos anteriores ao FHC. Sim, o FHC privatizou até a mãe dele se pudesse, mas hoje (graças aos últimos anos de boa administração do FHC-Lula-Dilma-Mantega-Tombini) podemos vislumbrar um horizonte sem hiperinflação.

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